EPIDEMIAS
FAMOSAS
A
doenças de plantas sempre estiveram presentes, de modo equilibrado,
desde a antiguidade, mas devido à demanda no consumo alimentar e
também como moeda de troca, a agricultura começou a ter um aspecto
comercial e a partir de então a severidade das doenças cresceram,
tendo em vista a quebra do equilíbrio biológico. Plantas epatógenos mantém equilíbrio na natureza e segue a teoria de
Charles Darwin, no qual permanece os mais resistentes e desaparecem
os mais susceptíveis. Ao longo dos anos, devido a busca cada vez
maior por produtividade de culturas de interesse econômico,
iniciou-se a busca por variedades mais produtivas e esquecendo-se da
resistência das plantas às doenças, motivo este que ocasionou
verdadeiros colapsos na agricultura brasileira e mundial.
Entretanto, estas epidemias são assuntos que caem no Concurso do MAPA e um breve resumo destas pragas estão a seguir, abrangendo as que mais são conhecidas no mundo e no Brasil.
MUNDIAIS
Requeima
da batata - Causada pelo fungo Phytophthora infestans,
esta doença ocasionou enorme prejuízo econômico, pois a batata era
a base da alimentação na Europa Acidental, sendo a Irlanda e a
Inglaterra os países mais afetado por esta patologia.
Míldio
da videira - Causado pelo fungo Plasmopara
viticola, o míldio
foi levado à França por meio de mudas importadas da América e
chegando na Europa as videiras susceptíveis e com condições
ambientais favoráveis, levaram a índices alarmantes, no qual a
França, onde o vinho era um dos mais importantes produtos
comerciais, foi gravemente afetada.
Helmintosporiose
do Arroz - Causado
pelo fungo Helminthosporium oryzae, hoje denominado Bipolaris oryzae,
dizimaram plantações na Índia, fato ocorrido durante a segunda
guerra mundial, além das condições favoráveis e susceptibilidade
do arrroz, os problemas políticos decorrente da ocupação japonesa
da Ásia e o desinteresse da Inglaterra pelas colônias,
intensificaram os problemas alimentares.
NO BRASIL
Mosaico
da cana-de-açúcar – Causado
por vírus que provavelmente foi trazido da Argentina, onde a maioria
das variedades da época era a Saccharum officinarum, que devido a
sua alta sucetibilidade favoreceu a disseminação do vírus nos
canaviais, gerando u queda brusca na produção de etanol, problema
este sanado somente com a introdução das variedades resistentes ao
vírus.
Complexo
de doenças dos citros - Em 1940,
cerca de 80% das plantas cítricas do Estado de São Paulo eram
variedades comerciais, principalmente laranjas doces (Citrus
sinensis) enxertadas sobre laranjas azedas (Citrus aurantium), pois
esta era resistente à gomose dos citros, causada pelo fungo
Phytophthora spp. Nessa época ocorreu uma virose chamada tristeza
dos citros, cujo vírus e transmitido por pulgões e se dissemina
rapidamente. Em 1946, a doença havia causado a morte de
aproximadamente 6 milhões de plantas cítricas. Devido à
ocorrência da tristeza, a laranja azeda foi substituída por
outros porta- enxertos, como o limão cravo, com resistência
razoável à gomose e tolerância à tristeza. No entanto, em
torno de 1955, ocorreu uma nova doença em plantas enxertadas em
limão cravo, denominada exocorte, causada por um organismo chamado
viróide. Esta doença destruiu muitos plantios, mas como a
transmissão era feita apenas por enxertia, o emprego de borbulhas
oriundas de plantas sadias a controlou efetivamente. Em 1957, foram
descobertos focos de cancro cítrico, causado pela bactéria
Xanthomonas campestris pv. citri. A erradicação de plantas
doentes foi a opção de controle adotada, o que resultou, somente
no oeste do Estado de São Paulo, na destruição de 2 milhões
de árvores entre 1957 e 1979, sem o alcance do sucesso esperado.
Murcha
do algodoeiro – Causada pelo
fungo Fusarium oxysporum f.sp. Vasinfectum, no
qual proporcionou busca de variedades resistentes e com
qualidades agronômicas altamente produtivas, este estudo resultou
nas variedades IACRM3 e IACRM4.
Mal
do Panamá - Também
ocasionado por fungo, Fusarium
oxysporum f.sp. Cubense, foi constatada no Brasil no ano de 1920,
sendo a banana-maçã a mais afetada, devido a sua alta
suscetibilidade, chegando a desaparecer do estado de São Paulo e
substituídas pelas variedades que eram resistentes, no caso a nanica
e o nanicão.
Ferrugem
do cafeeiro – Causada pelo
fungo Hemileia
vastatrix, a ferrugem era temida no Brasil e na década de 70 foi
observado primeiro foco em Itabuna na Bahia. A primeira medida a ser
instruída foi a erradicação de todos os cafezais afetados, mas
como não ocorreu como planejado, iniciou-se a busca por tratamento
químico e descobriu-se que os fungicidas cúpricos revelaram-se mais
eficientes no combate a ferrugem e atualmente já existem variedades
resistentes ao patógeno encontrado no Brasil.
Mal
das folhas da seringueira
Até
o início do século X, Brasil e Peru eram os únicos produtores
de borracha natural a nível mundial. A produção era obtida
diretamente da floresta amazônica, local de origem da seringueira,
a partir de árvores que cresciam naturalmente na selva. Até 1912,
o Brasil detinha a posição de maior produtor e exportador,
enquanto em 1957 éramos importadores de borracha, situação
mantida até hoje, quando cerca de 75% de nossas necessidades vêm
do exterior, principalmente do sudeste asiático (Malásia,
Tailândia e Indonésia). A aventura da borracha no sudeste
asiático começou em 1876, quando o botânico inglês Wickham
coletou sementes de Hevea no Pará e enviou-as para Londres. Mudas
originárias destas sementes foram remetidas para o Ceilão (atual
Sri Lanka), de onde se espalharam pelos países vizinhos. Animados
com o sucesso inglês no sudeste asiático, os americanos da
poderosa Ford Motor Company decidiram estabelecer plantações de
seringueira no Brasil, próximo a Santarém, às margens do rio
Tapajós. Em 1928, 4.0 ha já haviam sido plantados, em grande
parte com material botânico proveniente da Ásia. Entretanto, o
ataque do fungo Microcyclus ulei foi tão intenso que os seringais
foram abandonados em 1934.
Um
novo projeto foi inciado pela Ford no mesmo ano, alguns quilômetros
rio acima. Em 1942, 6.478 ha haviam sido plantas com clones
asiáticos de alta produtividade. No ano seguinte, M. ulei atacou
novamente, devastando as plantações e levando ao abandono do
projeto dois anos depois. Os motivos para o fracasso na exploração
da seringueira em plantios efetuados na região amazônica são
inúmeros, entretanto, o principal motivo para o sucesso no sudeste
asiático é a não ocorrência do mal das folhas naquela
região.
Vassoura-de-bruxa
do cacaueiro – Causado
pelo fungo Crinipellis
perniciosa, este que originário da Região Amazônica, foi
constatada sua presença na Bahia, maior produtor de Cacau no Brasil,
no ano de 1989, que além do problema econômico a doença ocasionou
êxodo rural e desemprego.
Estes
exemplos que aqui trouxemos, são todos prejudiciais para a
agricultura do mundo e do Brasil, por isso a importância da
prevenção de doenças já existentes em nosso país, assim como
pragas exóticas que poderão vir a afetar a agricultura brasileira,
organismos estes, conhecidos como pragas quarentenárias, no qual já
falamos delas em outro post, sugerimos a leitura do artigo PragasQuarentenárias.
Fonte:
MICHEREFF, S.J. Fundamentos de Fitopatologia.